segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Notas de rodapé

*Vocês me perguntam semanalmente de onde sou porque meu sotaque é diferente, perguntam como é no norte, se as pessoas andam nuas, se é grande, se é pequeno. E se assustam quando respondo: é maior.

Vocês falam de sotaque e de cultura como se fossem possíveis de escolher também. Não percebem que essas coisas mágicas invadem nossos poros sem pedir licença e sem saber se estamos prontos, e sai o que pode sair, sai é tudo. E quando vê é tanta cor que dizer que há só amarelo é no mínimo um desvio ótico, eu que gosto tanto de amarelo e me cobriria por inteiro e derramaria até os pés com calafrios arrepios medonhos e cativantes. Gosto disso: o embaraço. Ou calor.

Dos conselhos: perguntem apenas meu nome. Ando com pouca roupa e, quando tenho que me cobrir, me cubro de branco ou com todas as cores possíveis. É fácil me encontrar em tempos cinzamente respeitosos.


Sou uma mulher, sou homem também.”

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