*Vocês me perguntam semanalmente de onde sou porque
meu sotaque é diferente, perguntam como é no norte, se as pessoas andam nuas,
se é grande, se é pequeno. E se assustam quando respondo: é maior.
Vocês falam de sotaque e de cultura como se fossem
possíveis de escolher também. Não percebem que essas coisas mágicas invadem
nossos poros sem pedir licença e sem saber se estamos prontos, e sai o que pode
sair, sai é tudo. E quando vê é tanta cor que dizer que há só amarelo é no
mínimo um desvio ótico, eu que gosto tanto de amarelo e me cobriria por inteiro
e derramaria até os pés com calafrios arrepios medonhos e cativantes. Gosto
disso: o embaraço. Ou calor.
Dos conselhos: perguntem apenas meu nome. Ando com
pouca roupa e, quando tenho que me cobrir, me cubro de branco ou com todas as
cores possíveis. É fácil me encontrar em tempos cinzamente respeitosos.
“Sou uma
mulher, sou homem também.”
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