quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O calor que preciso

Mais um dia de calor e céu azul em Porto Alegre. O dia tá tão bonito! Me lembra os dias cotidianos de Manaus e como passava por eles. Ficava sozinha na maior parte do tempo em casa, a casa só pra mim. Era uma casa grande e linda, cheia de cores. Andava a casa toda procurando  o que fazer e era comum achar algo nos livros. Em vários livros. Deitava na rede, mesmo com o tempo tão abafado e ficava lá amando o fato de estar sozinha na casa grande tão colorida, e as flores todas, a natureza toda me cercava. 

Quando penso que as coisas estão muito ruins, olho pro céu e lembro como a natureza é infinita. Isso é realmente algo reconfortante pra mim e se guardo alguma certeza no meu corpo curto é essa: o que me aproxima da natureza é verdadeiro, é real, é o que me nutre de verdade. Tudo que distante for da natureza não me pertence e não me representa. É tão mais simples.

E lembro agora dos flutuantes de Manaus, lembro daquela quarta-feira de calor pavorooso que fez lá e uma amiga muito especial passou na casa grande colorida e disse: "vamos nadar no rio?" E lá fomos nós. Foi um dia infinito. Manaus é uma cidade infinita cheia de pessoas infinitas e eu amo ter parte da minha infinitude criada lá. Sem exotismos. Pura natureza. 

Vou percebendo aos poucos - percebo daquele jeito quando estamos no escuro e tocamos na parede até encontrarmos o vazio de uma porta - que as mudanças não me assustam tanto, são aventuras que eu quero e espero sempre poder atrair para mim, mesmo que sejam dolorosas no início. Porque não há dor sem renascimento, sem grande luz. O rompimento da casca só me faz pensar em luz, não guardo as dores. Outra coisa que guardo no meu curto corpo e peço com muito coração ao destino que não me faça deixar de acreditar: a ingenuidade necessária para sustentar o próprio corpo.

Falo tanto de natureza mas vi muito pouco o por do sol de Porto Alegre.A natureza que guardo não é só isso. É realmente cada folha e cada nuvem. Quando volto de bicicleta pra casa já é perto do por do sol e o céu e as árvores, em suave contraste, são os únicos sinais que vejo de que o dia valeu a pena, e "valer a pena" vai longe de qualquer eficiência programada. É outra coisa.

Diante da possiblidade de grandes mudanças e de todo medo que isso carrega junto só penso na natureza, e que aonde quer que eu vá, ela estará lá comigo, sempre de um jeito especial. 

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