Olho para a janela e não enxergo o prédio ao lado
– é só noite. Foi o que me
disseste e eu deveria ter acreditado nisso, deveria ter visto que, por uma mera questão de ângulo, tudo me
pareceu nada, e como era assustador e tão doce pensar que estava meu prédio a
flutuar num oceano negro. Prédio n’universo e cá estou a esperar as nebulosas das nuvens
que tu me disseste que apareceriam quinta-feira, acreditei, eu – eu – doente, melancólico.
Há só uma aórtica escuridão e não entendo por que tantas coisas no quarto,
por que roupas, sapatos, tantas palavras gestantes escondidas nos cantos miúdos
do quarto branco, migalhas de poeira, um mosaico de caminho tortuoso e paralelepípedo!
Ah, como é importante dar os desenhos aos ares...
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